Vidyamala Burch convive com a dor desde muito cedo. Portadora de problemas congênitos na coluna, ela se machucou seriamente durante um treino de salvamento e, alguns anos depois, sofreu um terrível acidente de carro, que a deixou praticamente incapacitada.


Obrigada a conviver com a dor diariamente, ela teve reações comuns a todos nós: de início, fingiu que nada acontecera, forçando o corpo até o limite. Depois, procurou fugir do sofrimento, mergulhando em períodos depressivos. Porém, com a dedicação à meditação e ao estudo de técnicas que melhorassem sua relação com a dor, a experiência de Vidyamala aos poucos se transformou.


Hoje, ela é uma das maiores especialistas mundiais em meditação para pessoas com a dor, além de fundadora da Breathworks – organização que presta auxílio terapêutico a pessoas que sofrem com dores crônicas ou com o estresse da vida diária.


Ela explica:

A História da Prue Burch

Carlos Drummond de Andrade, poeta brasileiro

A dor é inevitável.

              O sofrimento é opcional.

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“Após um exame feito por um dos médicos, tive de sentar com a coluna ereta por vinte e quatro horas, para evitar complicações. Depois de tantos meses sem sentar, dessa vez não havia escolha: teria de passar por isso. Durante as longas horas daquela noite, senti‑me à beira da loucura, e parecia ouvir duas vozes falando dentro de mim. Uma dizia: “Eu não consigo aguentar isso. Vou enlouquecer. É impossível tolerar isso até o amanhecer”. Já a outra respondia: “Você tem de aguentar, você não tem escolha”. Elas discutiam incessantemente, como um torno que a cada segundo ficasse mais apertado. De repente, daquele caos algo novo apareceu. Senti uma clareza intensa e uma terceira voz disse: “Você não tem de atravessar a noite até amanhecer. Você só precisa atravessar o momento presente”.


Imediatamente, minha experiência foi transformada. A tensão que me torturava abriu‑se em expansividade, e compreendi a verdade do que a terceira voz me dizia. Eu soube, não de maneira racional, mas no meu coração, que a vida só pode se desenrolar um momento por vez; percebi que o momento presente é sempre suportável e provei a confiança que esse conhecimento traz. O medo se esvaiu e eu relaxei.


Sentada com a ajuda de um apoio na cama do hospital, naquela noite compreendi que grande parte do meu tormento crescia por causa do medo do futuro (os momentos de dor que, na minha imaginação, se estenderiam até o amanhecer), e não do que eu sentia, de fato, no presente. Sem entender o que tinha acontecido, senti que havia descoberto algo extraordinário.

Era uma experiência visceral, que ecoou como as reverberações de um terremoto através do meu corpo, dos meus sentimentos e pensamentos – e tinha um gosto de liberdade.


Aquela longa noite sentada foi o eixo em torno do qual minha vida se transformou. O que vivenciei rompeu as minhas defesas e mostrou‑me uma maneira completamente diferente de ser. Era como se a bússola da minha vida de repente se alterasse e meus hábitos, atitudes e entendimento estivessem se realinhando aos poucos. Ainda assim, passaram‑se muitos anos de convivência com a dor crônica até que eu conseguisse integrar aquelas lições à minha experiência cotidiana de modo sustentável e prático. Antes eu me baseava na simples dicotomia entre a dor (que era indesejável) e a ausência de dor (desejável). Por incrível que pareça, descobri que a dor crônica com a qual eu convivia não era realmente o problema. O que de fato me fazia sentir infeliz e aflita era a minha resistência ao sofrimento – os milhões de maneiras com as quais a mente e o coração podem dizer: “Eu não quero que isso aconteça comigo”. É isso que torna a dor tão, mas tão dolorosa.


Viver com a dor mudou‑me de maneira profunda. Aos poucos, fui capaz de enfrentar minha nova realidade e, nesse processo, descobri que ela abarca não apenas a dor e as limitações físicas de meu corpo, mas também inúmeros elementos sutis e belos. Ao resistir à dor e tentar bloqueá‑la, eu também bloqueava a beleza. Ao me abrir para a dor, eu abria a porta para uma riqueza de emoções, como o amor, a ternura e a sensibilidade. Percebi que a vida é agridoce e, quando paro de esperar que ela seja apenas maravilhosa ou horrível e guardo, num coração sincero, um sentimento da delicada mistura dos dois, sinto‑me

relaxada e aberta. Ao encarar minha situação e me tornar sensível a ela, tornei‑me uma pessoa mais gentil, mais tolerante

e com muito mais empatia pelos outros.”

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Em outubro 2015,

“The School of Life” vai ter cursos intensivos (assim como na matriz, em Londres). Uma tarde de Mindfulness vai fazer parte da programação. Participe!

Uma das melhores maneiras de cultivar o momento presente em sua vida e com a prática da Atenção Plena na Respiração guiada por Stephen Little.

O espírito da curiosidade científica e do desejo de se basear no conhecimento atual mais completo, está exemplificado em vários estudos recentes nesta área e alguns recentes artigos.

Em março de 2013, a Folha de São Paulo fez uma entrevista com a pesquisadora americana Sara Lazar sobre o trabalho pioneiro dela com neuroimagem e meditação de Mindfulness.